O texto de William O. Beeman publicado na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique pode ser lido aqui. (A qualidade da imagem não é a melhor, mas está legível, espero.) A versão em inglês pode ser lida no site do LMD.
Entretanto, no blog Culture Matters, Greg Downey critica o artigo de Beeman , este responde e Downey comenta a resposta.
Um outro artigo, na mesma edição portuguesa do LMD, imputa à antropologia e aos antropólogos a responsabilidade “histórica” pela utilização da etnografia das diversidades étnicas e culturais na construção de uma “política das raças” (segundo a expressão do autor). Diz Alain Ruscio, historiador, no texto “Ao serviço do colonizador“:
“Sempre e em toda a parte, os decisores basearam-se em divisões minuciosamente estudadas pelos eruditos: no Magrebe, berberes/cabilas contra árabes; na Indochina, anamitas contra grupos étnicos minoritários e/ou contra cambojanos; em Madagáscar, hovas contra merinas… Não afirmamos que tais divisões eram artificiais, que foram criadas pelos novos donos e senhores. Mas elas constituíram o húmus da “política das raças”: muito concretamente, essa diversidade humana e étnica das sociedades dominadas foi utilizada para se obter uma divisão permanente.”
… o que remete para a discussão do texto de Lila Abu-Lughod, Writing against culture, e para a sua defesa de um “humanismo táctico” como forma de atenuar o efeito algo perverso da etnografia da “diferença” cultural, efeito esse de reificação e aprofundamento das diferenças.
[CM]